JP SIMÕES

“Drafty Moon” é um disco de combate, de dissipação de sombras, de esclarecimento e desintoxicação. Longe do bucolismo dormente de “Tremble Like a Flower”, a estreia discográfica de Bloom, este segundo fôlego traz uma atitude mais assertiva, às vezes próxima do punk (mas apenas espiritualmente), com assomos de energia ora transbordante, ora tensa e contida como um desabafo.

Embora eclético na variedade de estilos que consegue conjurar, o álbum é atravessado por uma constante tensão entre sombra e luz, firmemente ancorada nas letras e na voz de JP Simões e finamente tecida na arquitetura narrativa dos arranjos -casamento exemplar entre elementos acústicos e eletrónicos - e na lead guitar exuberante de Miguel Nicolau.

Com as suas inquietações e os seus dramas de enganos e desencontros, na insalubridade galopante da grande máquina humana que corrói liberdade e natureza com um sorriso comercial, “Drafty Moon” consegue ser um registo pleno de um subtil e salutar bom humor: como se, na iminência de se afundar em traiçoeiras areias movediças, o nosso herói americano ainda conseguisse dizer com um sorriso insuportável: “Um dia havemos de nos rir disto tudo!”
Eugénio de Cidade, Sintra, 7 de maio de 1789

Cantor, compositor, letrista, contista e dramaturgo, JP Simões edita álbuns desde 1995, com Pop Dell’Arte, Belle Chase Hotel, Quinteto Tati e a solo ou em colaboração com outros compositores. O seu último álbum em nome próprio, Roma, foi editado em 2013 e mereceu uma longa digressão nacional e internacional. Depois da participação no Festival da Canção de 2018 com "Alvoroço", que venceu o prémio de melhor tema de música popular na Gala Prémio Autores 2019 da Sociedade Portuguesa de Autores, JP Simões voltou para a estrada para apresentar, de norte a sul, um espetáculo com reportório que atravessa diferentes fases e facetas da sua carreira.